segunda-feira, 5 de abril de 2010

AMOR A QUALQUER PREÇO



3° romance escrito por Diedra Roiz, foi postado pela primeira vez de Fevereiro a Maio de 2008.
Revisto, atualizado e ampliado pela 1a vez de Setembro de 2009 a Fevereiro de 2010, e pela 2a vez de Março de 2010 a Maio de 2011.
Publicado pela Editora Vira Letra em 2016.

AMOR A QUALQUER PREÇO
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SINOPSE:
No enevoado mundo de Marcela, Vivi surge como a luz que ilumina, mas não antes de ofuscar...
A incontrolável e revoltada Marcela convive com o resultado de suas escolhas, e a maior parte delas só leva a uma capa fria de solidão e desajustamento. Faltava um motivo para buscar a alegria de viver. 
Até que ela conhece Vivi, a linda ruiva fukushi (nascida praticante do budismo de Nichiren Daishonin). 
O difícil é se livrar do hábito do sofrimento e entender que a chance de ser feliz no futuro está no presente.


PLAYLIST DA HISTÓRIA:



OBSERVAÇÃO SUPER IMPORTANTE:  
Este é um "romance musical", recomenda-se ouvir as músicas indicadas para melhor aproveitamento da leitura dos capítulos.



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OBS IMPORTANTE: 
A história não está completa, disponibilizamos apenas os três primeiros capítulos para degustação. 

Capítulo 1 - Ojos Así


Ojos Así

Era uma noite como outra qualquer. Uma festa do pessoal da faculdade como outra qualquer. 

Era o que Vivi repetia incessantemente para si mesma. Esforço absolutamente inútil de negar o nervosismo absurdo. Friozinho na barriga, sensação de algo no ar que a fazia tremer a mão, tornando quase impossível passar o delineador nos olhos. Coisa que normalmente fazia com uma facilidade e precisão incríveis.

Parou um pouco a maquiagem, passou as mãos nos cabelos, com um suspiro profundo.

Era a primeira vez que ia sair solteira, depois de terminar um namoro de quatro anos com o Edu. Sim, definitivamente, só podia ser... Nervosismo de reestréia! 

Riu, se olhando no espelho.

Mas no fundo sabia que não era só isso.

Tinha terminado com ele sem motivo aparente. Apenas uma inquietação fora do normal. Uma sensação de que precisava, merecia e teria mais. Muito mais da vida e do mundo.

Só então prestou atenção na música que tocava no MP4 amplificado... E sorriu.

“Ojos Así” (Shakira). Parecendo anunciar a mudança que lentamente se estabelecia. E que tinha começado da maneira mais repentina.

Três meses atrás...


Era o primeiro dia de aula do 3º período. Vivi estava sentada na frente, quase colada no quadro negro, entre Carlinha e Lu, suas amigas inseparáveis, quando de repente...

Ela... Entrou na sala.

A pele muito branca contrastando com os cabelos negros com mechas - Azuis! - muito lisos cortados num chanel repicado, de franja arredondada e comprida, deixando a nuca à mostra.  Óculos escuros, calça jeans rasgada. Ao invés de livros, um capacete de moto na mão. E um andar que era tão...

Tudo na aparência da aluna nova era selvagem, rebelde, quase agressivo. E apesar de parecer engolir qual um buraco negro tudo aquilo que Vivi tinha como certo, seguro e conhecido, foi incontrolável, irresistível, impossível não acompanhá-la com os olhos.

Claro que Marcela – depois acabou sabendo o nome dela – se tornou o assunto preferido da turma. As informações chegavam aos ouvidos de Vivi de forma involuntária: Marcela tinha destrancado a matrícula depois de três semestres afastada, era a quarta geração de uma família conhecida de advogados, juízes e desembargadores, e estava na faculdade de direito obrigada. Vinte e dois anos, guitarrista e vocalista de uma banda de rock, só se vestia de preto. Fumava maconha, tinha piercing na orelha e na língua, um tribal tatuado nas costas em cima das nádegas, era absurdamente estilosa e gostava de... Mulheres.

Especulações ou não, despertaram em Vivi um interesse quase insuportável. Que a fazia se retirar da cantina, da biblioteca, de uma rodinha de amigos, todo lugar aonde Marcela chegasse.

Evitar qualquer tipo de contato não era algo consciente. Muito pelo contrário. Cada vez que fugia, Vivi se recriminava. Mas não conseguia superar a estranha inquietação que a presença dela causava. Muito menos a reação instintiva, irreprimível, imediata. Como se soubesse, intuísse, pressentisse na outra um perigo incalculável.

De vez em quando não conseguia se conter – "Pura curiosidade!" - Era o que dizia para si mesma, sem, no entanto, realmente se enganar – e olhava disfarçadamente para Marcela, sempre sentada no fundo da sala de óculos escuros, fones no ouvido, a cabeça encostada na parede e os pés em cima de uma cadeira na frente dela, numa postura evidente de “Cagando e andando”.
Até o dia fatídico na xerox.

Tinha acabado de pegar umas 30 folhas que o professor de direito civil tinha pedido para lerem. Virou equilibrando o fichário, os códigos, as xerox, quando levou um encontrão que fez tudo o que segurava ir direto para o chão. Já ia soltar um:

- Não olha por onde anda não?

Quando percebeu que tinha esbarrado... Nela.

Ao contrário de tudo o que Vivi esperava, Marcela foi completa e absolutamente simpática:

- A culpa foi minha. Desculpa. Deixa eu te ajudar...

Vivi ficou parada, ou melhor, paralisada sob o efeito da voz hipnotizante, que pareceu entrar dentro dela. Marcela entregou o fichário e os livros para Vivi, e se abaixou para catar os papéis espalhados pelo chão.

Tirando Vivi do estado de torpor em que estava para se abaixar na frente dela. Tão perto que começou a reparar em pequenos detalhes: Marcela usava uma pulseira de couro no pulso direito, e um anel prateado grosso no dedão esquerdo. Que ficavam perfeitos nela, como todo o resto.

O último pensamento fez Vivi ficar sem ar. Ainda não estava preparada para confessar, nem para si mesma, o real motivo de Marcela a deixar naquele estado.

Levantaram-se ao mesmo tempo. Ficaram paradas frente a frente. Marcela tirou os óculos, e Vivi viu os olhos dela pela primeira vez.

Doces, muito doces, mas sem nada de calmos.   Olhos que pareciam um mar negro tão profundo que se perder neles se tornava fácil.

- Desculpe mesmo...

Em resposta, Vivi apenas gaguejou, sem conseguir desviar o olhar da negritude magnética:

- Tu... Tudo bem...

Louca para ir embora e esquecer aquela sensação estranha, desconhecida, surreal. Mas Marcela estendeu a mão, com um sorriso enorme e... Abusivamente sedutor:

- Prazer. Marcela.

Hesitante, Vivi apertou a mão que a outra oferecia, sentindo todos os pelos do corpo se arrepiarem.  Livrou-se com pressa da mão abrasiva, e se virou para se afastar o mais rápido possível.

Mas Marcela a impediu:

- Seu nome... Você não me disse.

Meio de costas, sem olhar para Marcela de novo, torcendo para que a voz não tremesse e falhasse tanto quanto todo o resto, Vivi respondeu:

- Viviane.

 Fugiu. Assustada, confusa e trêmula. Sentindo que tinha acabado de viver um daqueles momentos inexplicavelmente marcantes.

***

Pela milionésima vez, Vivi se olhou no espelho. Tinha se arrumado toda, caprichando no visual. Sabia que naturalmente já era bonita, mas...

Naquela noite, os cabelos ruivos compridos, os olhos de esmeralda, as pequenas sardas na pele sempre bronzeada, o corpo esculpido por anos de dança pareciam... Insuficientes para conseguir aquilo que... Sequer sabia direito o que queria...

Insegura, nervosa, ansiosa e... Sentindo-se apenas razoável.

Perfeito! Tudo o que precisava, realmente...

A repetição automática da música a fez ouvir mais uma vez:

“Y conocí tus ojos negros (E conheci teus olhos negros)
Y ahora si que no (e agora sei que não)
Puedo vivir sin ellos yo (posso viver sem eles)
Le pido al cielo solo un deseo (peço aos céus só um desejo)
Que en tus ojos yo pueda vivir" (Que em teus olhos eu possa viver)

Desligou o som. Olhou-se no espelho uma última vez. Ainda achando mil defeitos. Deu de ombros, e saiu assim mesmo.

Na verdade, estava perfeita. Só que não enxergava. Nem poderia, com o turbilhão que levava por dentro.

***

Quando chegou, o apartamento já estava muito cheio, e a fumaça dos cigarros não deixava ver direito as pessoas bebendo e dançando lá dentro.

Cumprimentou alguns colegas de turma na porta, os olhos rapidamente percorrendo a sala e encontrando o que procuravam: a dona da festa.

Marcela já vinha em direção à ela, com aquele sorriso enorme que sempre dava de graça quando se encontravam.

- Vivi! Que bom que você veio!

Dois beijinhos e Marcela voltou a desaparecer no meio da sala lotada de gente.

Vivi ficou um pouco desapontada. Decepcionada até.

Tanto que se assustou.

Recapitulou para si mesma: não gostava de mulher. Apenas... Apreciava a companhia de Marcela!

Depois do episódio da xerox, tinham se tornado muito amigas. Batia com ela papos enormes, absolutamente interessantes, inteligentes, divertidos.

Se bem que... Sempre se arrepiava quando no meio da conversa, a mão de Marcela pousava displicentemente na coxa dela.

Nada demais, nenhuma intenção escusa por detrás daquele contato. Marcela era o tipo de pessoa que não conseguia conversar sem tocar. Para total desespero de Vivi, porque... A cada passada de mão na perna, sentia um calor insano se espalhar pelo corpo inteiro. E o pior: era evidente que Marcela não sentia o mesmo.

Perdida nesses pensamentos, nem percebeu Carlinha chegando com duas latas de cerveja na mão.

- Oi Vivi! Amiga, isso aqui tá uma loucura! Chegou agora?

- É.

- Nossa, você caprichou, hein! Tá vestida para matar!

***

Amiga de Vivi desde os 10 anos de idade, provavelmente Carlinha era a pessoa que mais a conhecia.

- Todo mundo já ta sabendo que você e o Edu terminaram.

- E como será que a notícia se espalhou tão rápido? Eu só contei pra você!

- É, eu dei uma ajudinha...

Carlinha riu, sabendo que a amiga ia gostar. Colocou uma das latinhas na mão de Vivi e a arrastou pelo meio da sala.

Vivi não soube como, no meio da confusão, Carlinha conseguiu um sofá vazio onde se sentaram. E é lógico, um sofá com uma vista privilegiada da sala.

Assim que se acomodaram, Carlinha começou:

- E aí, amiga, viu alguma coisa interessante?

- Não e nem tô a fim disso.

- Até parece, né? Produzida desse jeito? Com certeza já tem até um alvo.

Os olhos de Vivi percorreram a sala, e encontraram Marcela parada, fumando um cigarro. Será que era o efeito da cerveja, ou a forma dela segurar o cigarro e tragar era absurdamente provocante?

Vivi ficou com uma cara meio abobada. Marcela percebeu, porque riu antes de sair do alcance da vista dela.

- Tá tudo muito bom, tá tudo muito bem, mas vou dar uma voltinha.

E dizendo isso, Carlinha levantou e desapareceu no meio das pessoas. Foi quando, do nada, Marcela surgiu. E se sentou... Do lado de Vivi.

- Quer? – Marcela perguntou, estendendo uma latinha de cerveja.

- Obrigada... – Vivi respondeu pegando a cerveja e pensando, meio sem saber exatamente o sentido: - Claro que sim.

- Qual é a graça?

Muito sem graça ao perceber que estava rindo sozinha, a única coisa que Vivi conseguiu articular foi:

- Nada.

- Na verdade eu vim aqui com uma missão. - Marcela a olhou tão profundamente ao falar, que por um momento Vivi prendeu a respiração.

- Ãh? Como assim? – apesar de se sentir meio idiota, Vivi não teve como não perguntar.

Marcela sussurrou:

- Digamos que tem uma pessoa a fim de você.

E Vivi se perguntou se um coração poderia bater mais rápido do que o dela naquele momento sem maiores complicações.




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Capítulo 2 - Nothing Else Matters



Nothing Else Matters 

Mil coisas passaram pela cabeça de Vivi. Milhares de pensamentos. Um deles infinitamente melhor e mais assustador do que todos os outros, porque... Não era para Vivi estar gostando tanto da idéia: "Será que Marcela estava a fim dela?"

A ruiva ficou quieta, sem saber o que falar. Evitou olhar para Marcela, com medo que pudesse, nessa simples troca de olhar, se entregar.

Virou a latinha de cerveja de uma só vez. Marcela a olhou estranhando, e depois riu, divertida.

Vivi teve a impressão que Marcela ia falar alguma coisa, mas Carlinha apareceu dançando, e dizendo:

- Toma isso, tá divino!

Depois de colocar um copo cheio de Caipirinha na mão de Vivi, a amiga sumiu novamente.

Vivi provou a bebida. Estava fortíssima, desceu queimando pela garganta, o que foi estranhamente reconfortante.

- Quer provar? - perguntou pra Marcela, que continuava a olhar para ela num misto de diversão e  surpresa.

- Não, obrigada. Eu não sabia que você bebia, Vivi. Aliás, acho melhor você não misturar.

- E por que não?

A frase soou um pouco agressiva, e Vivi aproveitou para dar um bom gole, em desafio. Não sabia porque, mas estava irritada com Marcela.

- Tudo bem, não está mais aqui quem falou.

Com a resposta de Marcela, a exasperação de Vivi só aumentou. Deu mais três goles, fingindo que olhava para as pessoas da festa, mas no fundo o que queria saber mesmo era se Marcela estava olhando para ela.

A essa altura, já estava ficando um pouco tonta. Sempre tinha sido fraca para bebida, bastavam dois chopes para ficar colocada. E aquela Caipirinha estava um perigo!

Com certeza foi por isso - só por isso - que olhou bem para Marcela, e soltou a pergunta que não queria calar:

- Quem tá a fim de mim?

Marcela demorou a responder? Para Vivi pareceu que ficou uma eternidade olhando firme, ou melhor... Tentando fixar o olhar em Marcela antes da resposta:

- O Guilherme.

 Vivi deixou escapar : 

- Guilherme? Quem diabos é Guilherme?

- Aquele ali. - Marcela respondeu apontando para um cara bem bonito por sinal, que acenou antes de se aproximar sorrindo.

Marcela se levantou bem na hora em que o tal carinha chegou e parou na frente de Vivi.

- Guilherme, Vivi. Vivi, Guilherme – apresentou e saiu fora rapidamente.

O carinha, coitado, ficou sorrindo um sorriso bobo, parecia – e provavelmente já estava - meio alto.

Vivi passou a mão nos cabelos, jogando-os para trás, tentando ganhar tempo. Com muita vontade de matar Marcela.

Foi quando viu o par de olhos negros do outro lado da sala observando-a atentamente. “Ah, é assim? Então tudo bem!”

Movida pela raiva, deu o maior beijo na boca do tal do Guilherme, que retribuiu puxando Vivi pra sentar no colo dele no sofá.

Imediatamente se arrependeu. Achando a coisa toda fora do controle demais. Não tinha nada a ver ficar sentada no colo de um cara que nem conhecia só porque... Por que mesmo?

Não tinha mesmo nenhuma razão ou sentido palpáveis.

Sem se importar com o que o tal Guilherme ia pensar, Vivi levantou quase de um salto e saiu de perto dele o mais rápido possível.

- Caramba, Vivi, o que foi que deu em você? - disse uma Carlinha toda suada de tanto dançar - O cara era muito gato!

Mas a única preocupação da ruiva era:

- Viu a Marcela?

Ao constatar que ela não estava mais em nenhum lugar da sala...

- Ih, a Marcela foi pro quarto dela, disse que tava com dor de cabeça. Olha só: me pediram pra levar esse brownie pra ela, você leva?

Sem esperar a resposta, Carlinha depositou o brownie na mão de Vivi e se afastou dançando.
Vivi não hesitou. Nem por um momento. Entrou no corredor escuro com o coração batendo forte no peito.

***

A porta do quarto estava entreaberta. Pela fresta da porta, Vivi observou Marcela deitada na cama. Os olhos fechados, a luz fraca do abajur dando ao rosto dela um toque quase mágico de tão belo...

Ficou ali parada, estática, olhando boquiaberta. Ao som da música que preencheu o espaço entre elas. “Nothing Else Matters” (Metallica)

Como se sentisse a presença de Vivi, Marcela abriu os olhos. E quando a viu, abriu o mais lindo de todos os sorrisos...

- Entra. Encosta a porta.

Vivi fez mais do que ela pediu. Não só fechou como trancou a porta. O coração não batia, martelava...

Sentou na beira da cama e Marcela pousou a mão na coxa dela com uma intimidade tão natural quanto foi para Vivi dar o brownie para Marcela na boca.

Quando terminou de comer, Marcela limpou os dedos de Vivi lambendo-os de uma forma absolutamente sensual. Vivi estremeceu, e Marcela percebeu, porque a olhou diferente. Profundamente.

Quando os olhos se encontraram, os de Vivi continham um apelo mudo, indiscutível. Os de Marcela continuavam indecifráveis, como tudo nela. Unindo-os, apenas um entendimento mudo. Reconheciam-se.

Então, Marcela a puxou com inegável gentileza, e quando as bocas se tocaram pela primeira vez, para Vivi foi como se o mundo mudasse... Com aquele beijo diferente de todos os outros...

E aquele primeiro beijo foi, sem dúvida, o momento de prazer mais intenso de toda a vida de Vivi. Uma vontade que chegava a doer, e que ela nem sabia que existia...

A textura da pele de Marcela, o cheiro, o piercing na língua... Nunca tinha sentido nada parecido...

Devagar, com uma lentidão intensa e deliberada que deixou Vivi ofegante e trêmula, Marcela a despiu, peça por peça.

As mãos e os lábios experientes percorrendo o corpo inteiro da ruiva de uma forma quase angustiante.

Vivi, por outro lado, arrancou as roupas de Marcela o mais rápido que pôde, ansiosa demais para ser delicada como ela.

Tocando-a, beijando-a com uma voracidade puramente instintiva. Com falta de ar, quase sufocando de tanto desejo...

- Calma... - Marcela sussurrou no ouvido de Vivi antes de beijá-la novamente.

Mas Vivi era pura pressa. Com os braços ao redor do pescoço de Marcela, gemendo alto sem perceber...

Suspirando, implorando, oferecendo... Contaminando Marcela com a urgência que tomava conta dela...

Apossou-se de Vivi com total consentimento. Saboreando, incitando, surpreendendo... A delicadeza torturante da boca nos seios, a maciez das mãos femininas desvendando intensamente, acariciando o corpo de Vivi inteiro...

Abrindo, mostrando que entre elas nada era segredo... Tocando entre as coxas, enfiando os dedos como se revelasse a alma profundamente...
  
Quase desfaleceu quando a boca de Marcela desceu e mergulhou, até Vivi se contorcer desnorteada e gritar o nome dela no gozo que veio intenso...      

E então, Marcela já estava em cima de Vivi, esfregando pele na pele, sentindo e causando matizes de prazer idênticas...
Mas Vivi precisava de mais para ficar satisfeita. Empurrou-a, trocando de posição. E então pode procurar, encontrar, trilhar seu caminho no corpo maravilhoso de Marcela.

Com um prazer profundo, latente, Vivi saboreou a pele quase vampiresca de tão branca... Suave, macia e quente... Tão quente que chegava a queimar... Deliciada em fazê-la gemer e se contorcer, explorou aquele calor por inteiro... A boca, a língua, os dedos parecendo pouco para o tamanho do próprio desejo... Parou no interior das coxas. Experimentando a textura, o cheiro...

As mãos de Marcela a puxaram, enfiaram-se nos cabelos ruivos, mas Vivi ainda continuou apenas beijando, lambendo, provocando... Sentindo-a por um bom tempo.

E então, quando finalmente encostou a boca e provou o gosto dela, fechou os olhos e se deixou levar pela deliciosa sensação de tontura, loucura, desterro...

Como um redemoinho arrebatador, extraordinário, delirante... Sugada por um magnífico buraco negro... Mergulhada num fascínio deslumbrante, que a levou a ver, tocar e experimentar estrelas...

Suspirando e gemendo, se entregou ao abismo de sensações surpreendentes deliberadamente sem medo.



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Capítulo 3 - Pequenas Porções de Ilusão

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Pequenas Poções de Ilusão 

À princípio, Marcela Albuquerque de Moraes era o que normalmente se chama de rebelde sem causa. Os pais preferiam dizer ovelha negra. 

E Marcela adorava... Orgulhava-se mesmo... De ambas as definições.

Filha única de uma família de classe média alta, acostumada a ter tudo o que quisesse, e a fazer o que bem entendesse, se recusava propositalmente a fazer parte do “discreto charme da burguesia”.

Não era à toa que era fã incondicional de Cazuza.

De tanto esfregar na cara dos pais uma diversidade de ficantes, amantes e namoradas, tinha conquistado o direito de ter seu próprio apartamento. E uma moto, um carro, uma mesada bem abonada e cartões de crédito em troca de cursar direito na UERJ.

A vida de Marcela seria perfeita se... Não fosse o fato de estar louca e completamente apaixonada por Gisele.

A loira monumental de 38 anos, incrivelmente sexy que só a fazia sofrer, porque... Além de ser casada com uma mulher que a sustentava, Gisele estava longe de corresponder.

Usava Marcela descarada e declaradamente. Jogava na cara dela que só a queria para fazer sexo. Maltratava-a, a mandava embora, desprezava terrivelmente, e depois a chamava de volta.

E quanto mais Gisele pisava, mais Marcela obedecia correndo.

Claro que estar apaixonada não impedia que Marcela se divertisse. Dormia com outras mulheres, apesar de sempre ficar com certa ressaca moral depois.

Afinal de contas, não tinha espaço para mais ninguém no coração. Gisele era dona dele inteiro...

Por isso mesmo Marcela ficou deitada na cama ao lado de Vivi, achando que tinha acabado de fazer uma burrada gigantesca.

Verdade que a primeira vez que tinha visto Vivi, na xerox da faculdade, tinha sido simpática apenas por causa da aparência dela. Tinha achado Vivi linda. Muito gata mesmo.

O fato da ruiva ser hetero não era problema. Marcela estava cansada de servir de experiência, de matar a curiosidade sexual de várias heteros.

Mas era diferente com Vivi. Ela era especial. Eram amigas. E não queria perder a amizade dela.

Tinha percebido que Vivi estava diferente no momento em que a ruiva chegou na festa. Porém, havia pensado que era porque tinha acabado de terminar com o namorado.

Guilherme tinha implorado para Marcela interceder por ele. E na hora em que estavam conversando, viu Vivi olhando com uma cara abobada na direção dele. Por isso e só por isso os apresentou, saiu fora e ficou observando se a própria atuação como cupido tinha dado certo.

Foi quando o celular tocou. Era Gisele. Dizendo que não ia aparecer e cancelando o encontro que tinham marcado no dia seguinte. Porque ia viajar com a esposa.

Marcela ficou louca de raiva, com ciúmes, possessa... Para ela acabou ali a festa. Foi para o quarto e se deitou.

E logo depois, Vivi apareceu.

A presença de Vivi, a forma como ela tinha trancado a porta, dado o bolo para ela na boca e a olhado com os maravilhosos olhos verdes cintilando depois... Tinha mexido com Marcela.

Mais do que mexido. O desespero com que Vivi se entregou, e a urgência com que a devorou depois... Deixaram Marcela fora de controle. Não que depois de fumar um baseado inteiro sozinha, e frente a uma garota bonita se oferecendo fosse difícil perdê-lo...

A verdadeira surpresa tinha sido a atuação da ruiva. Apesar de não ter experiência com mulheres, sem dúvida Vivi tinha um talento natural para a coisa...

Marcela afastou o último pensamento, se sentindo culpada de novo. Nada justificava ter perdido completamente a cabeça daquele jeito. Não sabia nem como ia conseguiu olhar para Vivi de novo...

***

Vivi se atirou na cama ao lado de Marcela. A cabeça rodando... Não por causa da bebida. Um sentimento inexplicável a confundia.

Marcela estava perceptivelmente muda, evitando fitá-la. Passou a mão pelos cabelos negros, tirando-os do rosto, a pulseira de couro um elemento a mais do charme dela...
 

"Como se precisasse..." – Vivi não teve como evitar o pensamento, nem a conclusão que veio: "Como se não fosse irresistível de qualquer jeito..."

Sem ter coragem de encarar Vivi, Marcela mudou o CD apontando o controle remoto sem olhar para o som. De Metallica para Barão Vermelho...

A voz inconfundível de Cazuza entrou rasgando:

“Eu tô perdido
Sem pai nem mãe
Bem na porta da tua casa...”

(Maior Abandonado – Frejat / Cazuza)

Antes de Marcela finalmente falar, ainda com os olhos negros grudados no teto:

- Olha só... Vivi, eu... Não quero que você fique chateada nem que mude comigo por causa do que aconteceu... Eu... Nós somos amigas, e eu não... Eu não devia ter... Me desculpa... Eu... Eu sinto muito... Mesmo.

Não acreditou no que estava ouvindo. Marcela estava realmente se desculpando depois de ter dado a Vivi a experiência mais incrível que já tinha tido?

As emoções rodopiaram, se misturaram à letra que insistentemente repetia:

“Migalhas dormidas do teu pão
Raspas e restos me interessam...”


Marcela não entendeu nada. Até se assustou com a reação dela: Vivi caiu na gargalhada. Depois respondeu:

- Assim parece que você me atacou, ou algo parecido. Não foi bem o que aconteceu. - "Quem dera... "- foi o que Vivi pensou, mas obviamente, não falou. - vendo a cara perplexa de Marcela, continuou: - Tá tudo bem, Marcela... Fica fria.

Mas Marcela continuava preocupada com ela:

- Mas você... Você nunca tinha...

“Mentiras sinceras me interessam
Me interessam...”


- Nada demais. Pra tudo tem uma primeira vez, né? - Vivi respondeu rapidamente. Querendo fazer parecer que tinha sido uma coisa sem importância. E rezando para que Marcela mudasse logo de assunto.

Em vão:

- E aí? O que você achou?

Essa era a Marcela que Vivi conhecia. Nada convencional. Sem noção, a maioria das pessoas diria.

- Tá querendo elogios?

Esse foi o único jeito que Vivi encontrou para devolver a pergunta absolutamente descabida.

Marcela ficou totalmente sem jeito. E entendeu que havia passado dos limites.
Por instantes apenas. Porque logo percebeu que Vivi estava de novo rindo.

Pegou um dos travesseiros e atirou na cara da ruiva... Que jogou o travesseiro de volta nela...

Marcela então a segurou pelos pulsos, prendendo os braços de Vivi contra a cama, acima da cabeça dela, imobilizando-a...

“Teu corpo com amor ou não
Raspas e restos me interessam...”


O riso morrendo na garganta das duas quando os olhares finalmente se encontraram, revelando o quanto a brincadeira havia voltado a ficar séria.

Os olhos de esmeralda de Vivi hipnotizando Marcela com seu brilho intenso... As bocas se aproximando quase que naturalmente...

Foi quando o celular de Marcela tocou. Quebrando o clima por completo.
Mais ainda quando Marcela atendeu e viu que era... Gisele.

- Oi Gi...

Mesmo que Marcela não tivesse dito o nome, pelo tom de voz totalmente diferente, Vivi já sabia quem era.

Marcela esqueceu completamente de Vivi e de todo o resto. Continuou:

- Fala, meu amor... Agora? Tá, tudo bem... Tô lá em 15 minutos... Beijo nessa sua boca gostosa... Tchau...

Quando olhou novamente, Vivi já estava completamente vestida:

- Vou indo.

Marcela pediu:

- Espera só um minutinho...

“Migalhas dormidas do teu pão
Raspas e restos me interessam
Pequenas poções de ilusão
Mentiras sinceras me interessam”


Vestiu-se correndo, desligou o som, e acompanhou Vivi até a sala, que agora já estava bem mais vazia. Vivi ainda tentou encontrar Carlinha, mas nem sinal dela. Marcela gritou:

- O último a sair bate a porta!

E saiu quase correndo atrás de Gisele. Com Vivi caminhando silenciosamente atrás dela.



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Lista de Músicas e Links

PLAYLIST:

No YouTube (completa): https://www.youtube.com/playlist?list=PLn6nsnc3mIxXwehcMqKHksBDdBEaEIs7L


No Spotify (algumas músicas não estão disponibilizadas): 
https://open.spotify.com/user/22uzm3ifrvg3eoiht75zfvubi/playlist/1eQeQEUmnX4urZJaoQ90NR Em


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